quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O QUE É AS BUILT?

Entenda o que é um Projeto As Built, como se classifica, e qual a importância de sua elaboração.


Caracterização do termo
A expressão "as built" vem do inglês e traduz-se em "como construído". Os projetos As Built consistem no levantamento de todas as dimensões e características pertinentes de uma edificação e/ou de suas instalações, posteriormente transformadas em representações técnicas (plantas, cortes, fachadas, e outros). Conforme as mais diversas áreas de Engenharia, o As Built pode ser classificado em diversos tipos, como segue abaixo.


As Built Arquitetônico
Levantamento de uma edificação abarcando áreas internas e fachadas. Neste tipo de As Built, além da representação das áreas dos ambientes considerando medidas e geometria, são verificados dimensões e aspectos relativos aos materiais que compõem a construção – estrutura, alvenarias, vedações, esquadrias, revestimentos de piso, parede e forros, elementos de cobertura e telhado.

As Built Elétrico
Trata-se da verificação das instalações elétricas da edificação. Neste tipo de As Built se analisa a distribuição dos circuitos, visando identificá-los de forma correta junto aos quadros de distribuição e se a demanda instalada é compatível com a ofertada. Para isso, apura-se a disposição e organização dos elementos que compõem as instalações elétricas – eletrodutos, eletrocalhas, perfilados, conduletes, cabeamento, dentre outros – e também a localização e quantidade (em número e potência) dos pontos de alimentação.
O As Built Elétrico engloba também informações relativas ao padrão de entrada de energia, medição, e quando for o caso, geração e transmissão.

As Built Hidráulico
Levantamento que objetiva verificar as instalações hidráulicas de uma construção. A infraestrutura hidráulica é divida em diversos conjuntos de instalações – de água fria, água quente, captação pluvial, esgoto, dentre outras. O As Built Hidráulico deve identificar quais elementos (tubos, junções, caixas de passagem, calhas e congêneres) constituem separadamente cada um destes conjuntos, unindo estas informações em projeto para compor o sistema hidráulico por completo.
O projeto ainda discrimina o posicionamento e medidas de cada uma das tubulações, identificação de ramais principais e “percursos” da água fria, quente, águas servidas e outras.

Uma infinidade de As Builts
Os projetos As Built podem ainda ser elaborados para levantamento de Sistemas de Climatização, Sistemas Preventivos de Incêndio, CFTV, Comunicação de voz e dados, e quaisquer outras instalações de uma edificação. É possível também elaborar um projeto As Built completo, que abranja arquitetura e toda a "infra" de instalações.

Por que elaborar um As Built?
Com o passar do tempo, uma edificação passa por diversas intervenções – reformas, ampliações, mudanças na forma de ocupação, e outras - que quase sempre deixam de ser documentadas. Muitas vezes também, durante o processo de execução são feitas alterações que causam divergências entre o projeto e o que foi construído. Assim, o As Built é elaborado para “atualizar” os projetos originais visando suprimir essas diferenças que podem causar conflitos e transtornos futuros para os usuários.
A finalidade de um Projeto As Built é documentar as condições de uma construção. Englobando sua configuração arquitetônica e instalações, manter um registro sempre atualizado da edificação garante maior segurança e praticidade na hora de intervir no espaço construído. 


Referências:
PINHAL. O que é As Built? 2014. Disponível em: <http://www.colegiodearquitetos.com.br/dicionario/2014/03/as-built/>. Acesso em: 12 dez. 2016.
Image: http://mlb-s2-p.mlstatic.com/projetos-arquitetura-estrutura-maquete-3d-instalacoes-494405-MLB25020248993_082016-F.jpg

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

CONDICIONAMENTO PASSIVO - SUSTENTABILIDADE ATRAVÉS DA ARQUITETURA

Descubra o que são estratégias e sistemas de condicionamento passivo, em que eles influenciam e quais os benefícios de sua aplicação em edificações.

O que é Condicionamento Passivo
Em arquitetura, o termo “Condicionamento Passivo” refere-se a proporcionar condições agradáveis de temperatura e luz dentro de determinado ambiente explorando apenas recursos naturais, uma prática altamente sustentável. 

Análise de Condicionantes Climáticos e de Entorno
Durante a elaboração do Projeto Arquitetônico é necessário que o Arquiteto realize um estudo dos condicionantes naturais do local. O primeiro dos condicionantes se relaciona ao entorno – a partir da localização objeto estuda-se a orientação solar, incidência de ventos, áreas sombreadas, e outros. O segundo está ligado ao tipo de clima na região – temperaturas, incidência de chuvas, umidade, e congêneres.
O resultado destas análises é importantíssimo para determinar quais as possíveis problemáticas relacionadas ao conforto térmico e lúminico da edificação, norteando assim quais estratégias de condicionamento passivo devem ser adotadas. 

Tipos de Estratégias
Pode-se dizer que as Estratégias de Condicionamento Passivo se dividem em três classes: Ventilação Natural, Isolamento Térmico e Iluminação Natural. Dentro delas existem estratégias distintas que podem ser empregadas em uma edificação, conforme contexto em que se insere.

Ventilação Natural


- Ventilação Cruzada: Em regiões com clima quente, é importantíssimo adotar estratégias que possibilitem a entrada e circulação do vento em ambientes internos, mantendo a temperatura amena e agradável. Utilizando o princípio físico de convecção térmica, para criar a ventilação cruzada planeja-se a entrada do ar nos ambientes através de pelo menos duas janelas e/ou portas posicionadas paralelamente - a abertura de entrada de ar deve ser mais baixa, e a de saída mais próxima ao forro. Essa diferença de alturas e posicionamento das aberturas estimula a passagem do vento. A ventilação cruzada também pode ser obtida através de aberturas zenitais (no forro), que é chamado “efeito chaminé”.




- Quebra Ventos: Em locais onde o vento seja muito forte ou indesejado, é possível adotar medidas que o amenize, mas que mantenha uma ventilação agradável. Uma delas é a “Quebra Ventos”. Trata-se da utilização de vegetação, brises, cobogós ou outros elementos que atuem como barreiras físicas transponíveis, que irão filtrar o vento, o deixando mais suave.





Isolamento Térmico

Detalhe de parede de gesso com
material isolante




- Materiais: A escolha de materiais com bons índices de isolamento térmico é fundamental para garantir que a edificação mantenha a temperatura correta. No inverno por exemplo, materiais com bom isolamento garantirão que o frio do ambiente externo não ''entre''.








- Aquecimento solar passivo: Em locais muito frios, pode-se utilizar a incidência solar para aquecer ambientes, basta aproveitar a orientação solar correta e usar materiais que irradiarão o calor para o lado interno.





- Telhados verdes: Os telhados verdes possuem uma série de benefícios, e dentre eles está o isolamento térmico da laje. É muito comum que os ambientes internos esquentem devido a incidência solar na cobertura, mas com o uso do telhado verde a vegetação absorve o calor e não deixa que ele passe para dentro da edificação.





Iluminação Natural



- Brises e Cobogós: Os Brises e Cobogós são elementos vazados, com diversos formatos e posições (cada uma se conforma melhor à determinada situação). Além da função de suavizar ventos fortes (anteriormente citada), eles também amenizam a incidência de luz solar, sem obstruir a luz indireta, garantindo ambientes internos claros e agradáveis.


- Aberturas Zenitais: Tratam-se de aberturas embutidas na cobertura, como claraboias, lambris, e outros. Bem posicionadas, estas aberturas permitem a entrada de grande quantidade de luz natural.




- Prateleiras de Luz: A estratégia utiliza janelas próximas ao forro. Ao invés de permitir a insolação de forma direta no ambiente, é utilizado um anteparo horizontal que rebate a luz, alcançando mais áreas no interior do ambiente e evitando a insolação.





Porque o Condicionamento Passivo é Sustentável
A utilização de Estratégias de Condicionamento Passivo proporciona não apenas um melhor aproveitamento de recursos naturais para trazer conforto ambiental, suas vantagens vão muito além. 
Enquanto proporcionam temperaturas agradáveis no interior da edificação, contribuem para economia com climatização mecânica (uso de ar condicionado), energia elétrica (uma vez que a iluminação natural pode ser suficiente para iluminar ambientes durante o dia), dentre outras vantagens. Para o proprietário essa economia é representada financeiramente, enquanto para o meio-ambiente significa menor demanda de recursos energéticos e menos poluição.



quarta-feira, 30 de novembro de 2016

POR QUE ELABORAR UM PROJETO ARQUITETÔNICO?

O que é um Projeto Arquitetônico, qual sua utilidade e porquê ele é fundamental.


Do abstrato ao palpável
O início da uma construção, seja da casa dos sonhos ou de um almejado empreendimento, inicia sempre pela ideia. O futuro proprietário começa a imaginar tudo que pode ser feito, como pode ser feito, que aparência deverá ter. Mas como representar essas ideias para que tudo que está no imaginário possa se tornar real? A resposta está no Projeto Arquitetônico. 



Propondo soluções
O objetivo do projeto é planejar como será construída uma edificação. Aliando funcionalidade, segurança e estética, abrangendo diversos aspectos que em sua totalidade compõem o projeto na íntegra, sendo eles:

Forma e Ocupação do terreno 
Após a escolha do local, é preciso analisar os mais diversos condicionantes que ele apresenta, por exemplo: quais as leis que a ele se aplicam (índices de aproveitamento do solo, recuos frontais e laterais, altura máxima permitida, e outros), quais as interferências que ele sofre em relação as edificações vizinhas, qual a melhor posição para os acessos e aberturas visando aproveitar a luz e ventilação naturais, dentre outros aspectos que somados integram o “Estudo de Implantação”.

Programa de Necessidades
Paralelamente às definições do Estudo de Implantação é preciso também determinar quais e quantos ambientes serão necessários para edificação, conforme as necessidades do proprietário ou de uso. Esse Programa auxiliará no Pré-dimensionamento da edificação, possibilitando mensurar a metragem mínima a ser atingida e dividindo-a, conforme o caso, em um ou mais pavimentos.

Funcionalidade
Por conseguinte ao estudo de implantação e pré-dimensionamento, se inicia a elaboração do projeto. Resumidamente, é possível dizer que o projeto define a melhor disposição e tamanho para os ambientes, bons fluxos de circulação, dimensões de portas e janelas, materiais a serem utilizados, localização de pontos elétricos e hidráulicos importantes, dentre outros aspectos.
Estas definições devem sempre ser feitas de acordo com as normas vigentes, sendo fundamentais para propiciar segurança e conforto. Por exemplo, o correto dimensionamento de janelas garante adequada ventilação e iluminação dos ambientes internos; o uso dos materiais apropriados, como o piso antiderrapante em áreas molhadas ou materiais isolantes de som e calor, garantem que a edificação oferecerá segurança e conforto aos usuários.

Especificidades
Algumas edificações necessitam de cuidados específicos, como instalações sanitárias acessíveis para cadeirantes, tratamento acústico em ambientes como estúdios de gravação ou auditórios, dentre outros. Estes cuidados devem estar previstos no Projeto Arquitetônico, sempre que imperativo. 

Estética
Por fim, é função do Projeto Arquitetônico, compor a volumetria da edificação, determinando materiais e padrões estéticos que trarão uma identidade visual agradável e que se harmonize com a vizinhança.

Um ponto de partida
Partindo das definições do Projeto Arquitetônico é importante que sejam elaborados os Projetos de Engenharia – Estrutural, Elétrico, Hidrossanitário, de Climatização, e outros. Estes garantirão que todas as instalações da edificação sejam seguras e adequadas ao que foi planejado.

Quanto custa?
A elaboração do Projeto Arquitetônico é também uma aliada para a realização de um pré-orçamento e organização do cronograma de obra, o que pode dar um panorama do valor total a ser investido para a construção. Estima-se que o custo da elaboração do Projeto Arquitetônico seja aproximadamente 5% do valor total da obra.

Fazendo diferença
Elaborar um Projeto Arquitetônico pode até onerar em um pouco mais de gasto para sua obra, mas em grande parte das vezes, ele gera também economia, já que minimiza erros e retrabalhos durante e execução. 
Com um mesmo valor você pode construir com ou sem projeto, uma edificação do mesmo tamanho: sem projeto ela estará sujeita a erros de dimensionamento e funcionalidade, estética mal elaborada e outros problemas, enquanto uma edificação com projeto arquitetônico muito provavelmente oferecerá espaços adequados às atividades a serem ali desenvolvidas, maior conforto, segurança e estética agradável.
É evidente que uma edificação que tenha essas qualidades será muito mais valorizada dentro do mercado imobiliário.

Referências:
REFORMA FÁCIL. Redação. A Importância do Projeto Arquitetônico. Disponível em: <http://reformafacil.com.br/arquitetura/a-importancia-do-projeto-arquitetonico/>.Acesso em: 24 nov. 2016.
PROJETO Arquitetônico. Disponível em:<http://www.edifique.arq.br/nova_pagina_3.htm>. Acesso em: 24 nov. 2016.
RIBACZ, Rafael Ramos. A importância do projeto arquitetônico. Disponível em:<http://www.edifique.arq.br/nova_pagina_3.htm>. Acesso em: 24 nov. 2016.
Imagem: http://www.rochedoengenharia.eng.br/servicos/projeto-arquitetonico-sorocaba.php

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

LIGHT STEEL FRAMING

Conheça mais sobre o sistema construtivo que promete dominar o mercado da construção civil.


O que é
O “Light Steel Framing” – em português “Estrutura em Aço Leve” - trata-se de um sistema construtivo a seco onde os elementos estruturais e de fixação das vedações são inteiramente metálicos. Popularmente conhecido como Steel Frame, é ideal para construções de até 03 pavimentos.



Como tudo começou
O Steel Frame nasceu nos Estados Unidos entre as décadas de 80 e 90. O país, que já empregava um sistema de construção a seco utilizando madeira – o wood frame - passou por um período de escassez desta matéria prima, aliado a uma grande oferta de aço no mercado. Este panorama levou ao desenvolvimento de uma adaptação do wood frame, substituindo a madeira por perfis metálicos.

Principais vantagens do Steel Frame
Construção seca e limpa
O sistema não é categorizado como “construção a seco” à toa. Comparado com construções feitas em concreto e alvenaria, o Steel Frame utiliza cerca de 80% menos água. Isso ocorre porque a fixação de toda a estrutura e vedações é feita utilizando parafusos e/ou chumbadores. 
Redução do tempo de obra e do desperdício dos materiais
Estimativas afirmam que o tempo gasto para a construção utilizando o sistema Light Steel Framing é pelo menos 1/3 menor, se comparado com a alvenaria tradicional. Isso ocorre devido ao Steel Frame utilizar peças pré-fabricadas, que são transportadas e montadas no canteiro de obras. 
O processo também diminui erros construtivos, e a sobra de materiais descartados pode passar por reciclagem, diminuindo a geração de entulho. 

Segurança
A estrutura da edificação construída em Steel Frame se baseia no conceito de um “esqueleto metálico”. Todas as paredes são suportadas por perfis metálicos com espaçamentos breves (pode variar entre 80cm, 120cm ou medidas próximas). Os perfis levam a carga estrutural para a fundação, e são “travados” por perfis horizontais, formando um conjunto estrutural único.
Por este esqueleto ser inteiramente em aço, a estrutura se torna não apenas segura e resistente com relação às cargas da edificação (que são muito menores em comparação a carga de uma construção em alvenaria, já que em geral não utiliza concreto e tijolos), como também mais flexível, respondendo melhor a possíveis movimentações no terreno com o passar do tempo, ou mesmo terremotos.

Funcionalidade e conforto
Diferente de paredes constituídas em alvenaria, no Sistema Steel Frame as paredes são feitas em camadas utilizando materiais que reduzem a transmissão do som, como o OSB e o Gesso acartonado, e podem ainda ser “recheadas” com materiais isolantes – lã mineral, de vidro, de PET ou outros. Estes materiais garantem bons índices de isolamento acústico e térmico, reduzindo consideravelmente a necessidade de equipamentos de climatização e trazendo maior conforto para os usuários.
Este tipo de parede também facilita a instalação e manutenção de tubulações, eletrodutos, e outros materiais necessários para os sistemas elétricos e hidrossanitários da edificação, além de trazer maior flexibilidade arquitetônica já que sua instalação é na maioria dos casos independente da estrutura portante, permitindo alterações do espaço interno de modo mais ágil e simples.

O Light Steel Framing no Brasil
No Brasil, o sistema construtivo ainda é uma relativa novidade, e aos poucos está sendo implantado em diversas regiões. Seu emprego porem tem enfrentado diversas dificuldades, como a falta de conhecimento por parte dos construtores e da mão de obra, o desinteresse das instituições financeiras e governos em estabelecer regras que o tornem uma alternativa mais viável, dentre outras ações que poderiam incentivar sua popularização.
Contudo, acredita-se que a solução é uma forte tendência, mediante os diversos problemas enfrentados na construção civil brasileira, como os baixos índices de desempenho térmico e acústico, desperdício de materiais, atrasos, dificuldades no controle e qualidade dos acabamentos, dentre outros.

Referências: IDEAL Soluções Construtivas. O sistema ideal. Disponível em: <http://www.idealsteelframe.com.br/o-sistema-ideal>. Acesso em: 16 nov. 2016.
REDAÇÃO Fórum da Construção. Light Steel framing: Estruturas em Aço Leve.  Disponível em: <http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=29&Cod=1152>. Acesso em: 16 nov. 2016.
REDAÇÃO(2) AECweb . Light Steel Frame garante obras rápidas e limpas.  Disponível em: < http://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/light-steel-frame-garante-obras-rapidas-e-limpas_13620_0_1>. Acesso em: 16 nov. 2016.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

BIM - UM SALTO NA ENGENHARIA DE PROJETOS

Entenda o que é BIM, como funciona e porque ele representa o futuro da construção civil.


Porque o BIM é um avanço para a construção civil
A sigla “BIM” vem do inglês “Building Information Modeling”, que em português quer dizer “Modelagem de informação da Construção”. Apresentada ao mundo em 2008 em um evento realizado em Los Angeles (EUA), a proposta dos novos softwares com tecnologia BIM consiste em não apenas elaborar projetos pensando em representações gráficas, mas sim compilar virtualmente todas as informações para construção de uma edificação, e como resultado disso obter além das representações gráficas, simulações de aspectos de sustentabilidade, orçamento, planejamento e até mesmo acompanhamento de obra.
Antes da tecnologia BIM, os softwares existentes possibilitavam trabalhar em duas ou três dimensões – o 2D, que trata da representação técnica de projetos (plantas baixas, cortes, fachadas...) e o 3D, que é uma representação volumétrica. Por sua vez, os softwares com sistema BIM oferecem muito mais recursos, sendo considerados “multidimensionais”.
Com a tecnologia BIM, simultaneamente ao desenvolvimento do modelo (arquitetura, instalações e congêneres) ocorre o processamento de informações atreladas a cada uma das escolhas de design. Por exemplo: ao elaborar um projeto arquitetônico, ao mesmo tempo que o profissional representa as paredes, ambientes, esquadrias e demais aspectos da edificação, ele define de que material essas paredes serão constituídas, que tipo de esquadria é a adotada, e quaisquer outras informações pertinentes à definição de itens de projeto.
A partir da convergência de todas essas informações que nascem junto com o design, surgem as sete dimensões dos projetos BIM:
2D – Representações Gráficas;
3D – Visualização;
4D – Compatibilização e Planejamento;
5D – Estimativas;
6D – Sustentabilidade;
7D – Acompanhamento;


Como já dito, 2D e 3D tratam-se respectivamente da representação técnica e volumétrica de um projeto. São abordadas a seguir as outras dimensões que o BIM proporciona.

Quarta dimensão – compatibilização e planejamento
Vamos utilizar um exemplo prático: O primeiro passo para a elaboração de projetos é o projeto arquitetônico. Após concluído, são elaborados os projetos de engenharia – estrutura, instalações elétricas e hidrossanitárias, dentre outros.
Utilizando um software BIM é possível que os profissionais envolvidos em cada disciplina acessem o modelo do projeto de forma simultânea. As informações por eles inseridas são mostradas em tempo real, ou em intervalos de tempo, para que o projeto seja estabelecido considerando arquitetura, estrutura e instalações de modo integrado.
O que isso representa? Compatibilização em tempo real! O projeto é elaborado de forma compatibilizada, o que gera uma redução no tempo de desenvolvimento projetual e minimiza consideravelmente imprevistos na execução da obra.

Quinta dimensão - Estimativas
O sistema BIM possui um banco de dados editáveis que vai desde os materiais e componentes de determinado item de projeto, até o tempo que leva para ele ser construído, custo, informações sobre o transporte do produto, e outros. Sempre que um profissional insere um destes itens na plataforma de projeto (através de arquétipos de feição gráfica) ele atrela a eles tais quantitativos e especificações.
Ao final, é possível gerar planilhas e relatórios referentes aos dados que forem mais pertinentes. Falando de forma simplificada, para elaborar um orçamento para execução de obra, basta capturar as informações de preços inseridas no processo de elaboração de projeto em uma planilha automática.

Sexta dimensão – Sustentabilidade
Utilizando o modelo tridimensional da edificação elaborada em BIM, é possível realizar estudos bioclimáticos que permitem um panorama mais aprofundado das condições da edificação. Isso representa um melhor embasamento para fomentar práticas sustentáveis, como reaproveitamento de água pluvial, geração de energia solar, condicionamento passivo, e outros.

Sétima dimensão – Acompanhamento
Os softwares BIM podem atuar ainda como uma plataforma de controle e acompanhamento de obra. Como as informações de projeto são editáveis, é possível atualizar o modelo de projeto sempre que necessário, e inserir novas informações relativas a execução, criando uma linha do tempo no modelo, gerando cronogramas e dando suporte a decisões de obra.
Vale lembrar que o sistema depende da interoperabilidade, ou seja, as informações contidas no modelo devem ser sempre comutadas entre os profissionais participantes do projeto. Quanto mais informações forem inseridas, mais completo e fiel à realidade será o projeto, e mais eficiente será sua execução.

Implantando o BIM
A implantação do BIM no Brasil é atualmente foco de muitos debates, haja visto que retratará uma mudança completa no modo de projetar, e exigirá investimento considerável para compra de novos softwares e equipamentos. Segundo especialistas a mudança é inevitável e as empresas de projeto precisam planejá-la o quanto antes para se fortalecerem no mercado.
Se isso não ocorrer, será questão de tempo para que as empresas brasileiras percam espaço para profissionais estrangeiros.

Fontes:
A EVOLUÇÃO do BIM no Brasil. 2013. Disponível em: <http://www.businessreviewbrasil.com.br/tecnologia/1320/A-evoluccedilatildeo-do-BIM-no-Brasil>. Acesso em: 09 set. 2016.
CARDOSO, Andreia et al. BIM: O que é? 2012/13. Mestrado Integrado - Universidade do Porto.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

MITOS E VERDADES SOBRE O USO DE SPRINKLERS

O que são sprinklers, quando sua instalação é necessária e alguns mitos e verdades sobre o sistema. 


O que são Sprinklers?
Também chamados de chuveiros automáticos ou pulverizadores automáticos, são dispositivos que se conectam através de uma rede de tubulações de água e que quando acionados atuam em sua aspersão. Os modelos mais utilizados de sprinklers possuem um bulbo de vidro sensível ao calor, que opera como uma tampa evitando o escoamento da água. Quando o ambiente atinge determinada temperatura, relacionada à presença de fogo, o bulbo se rompe e libera a água, a fim de evitar a propagação das chamas.
Muitas vezes exigido pela Norma do Corpo de Bombeiros Militar ou por Seguradoras, o sistema de sprinklers deve ser dimensionado de acordo com as necessidades e características da edificação, priorizando sempre a segurança dos usuários e levando em conta a evasão de perdas materiais. Por isso, a elaboração de projeto específico de sprinklers é fundamental.
Existem diversos tipos de sistemas de Sprinklers, como os de dilúvio, tubulação seca, pré-ação, spray de água, água de espuma, e outros. A escolha do tipo de sistema ideal para um ambiente vai depender principalmente dos elementos e equipamentos em seu interior, e do risco que o fogo representaria no local.

Desmistificando o assunto
No Brasil, os chuveiros automáticos são pouco utilizados se compararmos com outros países, como Estados Unidos e Inglaterra. Por esse motivo, pouco se conhece sobre o assunto, o que gera diversas polêmicas (e até certa recusa) quanto a sua instalação e funcionamento. Vamos agora esclarecer os principais pontos de discussão a respeito.

“O sistema de sprinklers tem custo extremamente elevado.”
Parcialmente verdade. Hoje em dia existem sistemas simplificados que podem ser instalados até mesmo em residências. Eles operam de modo a consumir o mínimo de água possível (até 10 mil vezes menos em comparação com uma intervenção feita pelo Corpo de Bombeiros) e de forma extremamente pontual. Mas é evidente que para cobrir grandes áreas é necessário uma grande quantidade de pulverizadores, além de considerável infraestrutura, por isso o custo de instalação dos equipamentos pode ser bem alto.

“É um dos sistemas mais eficientes para controle de focos de incêndios.”
Verdade. O objetivo do sistema é evitar a propagação de chamas. O sprinkler é normalmente acionado automaticamente pelo princípio de incêndio, atuando especificamente em seu foco, reduzindo as chances do fogo se espalhar e - na maioria das vezes - o extinguindo por completo. 

“O acionamento dos sprinklers pode onerar em perdas e danos de equipamentos.”
Mito. Inicialmente, os sprinklers operavam apenas por sistemas de dilúvio – onde quando o fogo é detectado todos os bicos são liberados, e a água é escoada por todo o ambiente. Muitas vezes o contato com a água danificava equipamentos e bens que não haviam sido prejudicados pelo fogo. Atualmente porém,  em sistemas modernos, o acionamento dos sprinklers ocorre somente próximo ao foco de incêndio, fazendo com que a água só atinja áreas já consumidas pelo fogo e evitando danos indiretos. 

“Um único bico de sprinkler pode controlar um incêndio sozinho.”
Verdade. Nos EUA estatísticas comprovaram que, em um período de 10 anos, 28% dos incêndios foram controlados por um único sprinkler.

“Sprinklers podem salvar vidas.”
Verdade. Os sprinklers impedem o rápido alastramento do fogo, assegurando um maior tempo e oportunidade para evacuação do local e mobilização e ação do Corpo de Bombeiros. De fato, a proteção por sprinklers é garantia de aumento na segurança de forma exponencial.


Referências:
COSTA, Sônia. Precisamos de sprinklers?: Saiba como funcionam e para que servem. 2015. Disponível em: <http://www.mais-seguranca.pt/blog/rede-de-incendio/sprinklers/>. Acesso em: 09 set. 2016.
Zimmex Equipamentos de Segurança. Quais as vantagens dos Sprinklers? 2015. Disponível em: <http://www.zimmex.com.br/blog/index.php/quais-as-vantagens-dos-sprinklers/>. Acesso em: 09 set. 2016.
Instituto Sprinkler Brasil. Por que Sprinklers?: Ser vulnerável a incêndios é uma opção. Disponível em: <http://www.sprinklerbrasil.org.br/sprinkler/>. Acesso em: 09 set. 2016.




quarta-feira, 2 de novembro de 2016

COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS


O que é, qual a importância do projeto de compatibilização e quais seus benefícios para execução de obras.


O que é um Projeto de Compatibilização.
Antes de construir, é necessário planejar. A construção de qualquer tipo de edificação carece primeiramente da elaboração de diversos projetos: topográfico, arquitetônico, estrutural, elétrico, hidrossanitário, de climatização, e outros. São diversos projetos para uma única construção. Então, como conciliá-los? A resposta está no Projeto de Compatibilização.
O Projeto de Compatibilização nada mais é do que a representação técnica da integração de todos os sistemas e instalações projetados para um edifício. Em síntese, trata-se de mais um projeto para unir todos os outros.



Por que compatibilizar é importante?
O principal objetivo do Projeto de Compatibilização é resolver os conflitos entre projetos para reduzir, ou mesmo eliminar, problemas na execução da obra, que geram despesas extras, desperdício de materiais, de mão de obra e de tempo. Por exemplo: Em uma obra, os funcionários começam a realizar a instalação de tubulações quando uma delas, que “caminha” na horizontal, encontra com uma viga de concreto. O problema pode ser solucionado, mas inevitavelmente acarretará em custo extra e horas a mais de trabalho. A situação poderia ter sido facilmente evitada através do Projeto de Compatibilização, que detectaria o conflito e poderia prever um desvio da tubulação ou furações na viga.

Como é feita a compatibilização de projetos.
O processo de compatibilização é feito através da sobreposição de quantos projetos forem necessários para uma obra. Essa sobreposição pode ser feita das seguintes formas:
- Compatibilização manual: Pouco utilizada e menos eficiente, trata-se da justaposição dos desenhos de projeto impressos, para detecção de possíveis problemas de execução a olho nu.
- Compatibilização através de softwares 2D ou 3D: Bastante utilizada, é uma forma de comparação entre projetos mais rápida, porém ainda limitada à análise visual de um projetista. Os softwares de desenho 2D ou 3D permitem visualização do projeto com mais detalhes e de forma ilustrativa.
- Compatibilização através de softwares BIM: Uma forma relativamente nova de compatibilização e altamente eficiente, os softwares BIM parametrizam os dados de projeto, de modo que não é feito apenas um desenho de representação, e sim uma modelagem virtual da edificação. Os programas tem a capacidade analítica de detectar de forma automatizada convergências entre os projetos, antecipando quaisquer dificuldades.

Quem elabora Projetos de Compatibilização?
Os Projetos de Compatibilização são de competência tanto de Engenheiros quanto de Arquitetos. Muitas vezes, o proprietário contrata várias empresas diferentes para desenvolver os projetos de arquitetura e engenharia, e uma delas (ou mesmo uma terceira) fica responsável pela compatibilização.  Assim, a responsável pela compatibilização encontra certas dificuldades que podem interferir na eficiência do Projeto de Compatibilização, como configurações de desenho e arquivos sem padronização, metodologias diferentes aplicadas pelos diversos profissionais envolvidos, e outros itens que comprometem a unicidade do projeto.
Por isso, pode-se dizer que quando todos os projetos são elaborados por uma mesma empresa, o Projeto de Compatibilização ganha mais qualidade, já que todos os profissionais seguem a mesma metodologia e padronização. 

A Compatibilização de Projetos em números.
Segundo profissionais da área, o Projeto de Compatibilização pode representar um investimento de até 1,5% do valor da obra. Esse investimento, porém, é recompensado através da diminuição direta de 5% a 10% das despesas com a execução. Indiretamente, o Projeto também proporciona considerável redução do desperdício de materiais e tempo gasto no canteiro de obras com retrabalhos.

Referências:
SANTOS, Altair. Compatibilizar projetos reduz custo da obra em até 10%. 2013. Disponível em: <http://www.cimentoitambe.com.br/compatibilizar-projetos-reduz-custo-da-obra-em-ate-10/>. Acesso em: 22 set. 2016.
GONÇALVES JUNIOR, Francisco. Os processos de compatibilização de projetos na construção civil. 2016. Disponível em: <http://maisengenharia.altoqi.com.br/bim/os-processos-de-compatibilizacao-de-projetos-na-construcao-civil/>. Acesso em: 22 set. 2016.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

ENGENHARIA SIMULTÂNEA – EVOLUÇÃO E EFICIÊNCIA PARA A CONSTRUÇÃO

Entenda o que é a Engenharia Simultânea, como se aplica à elaboração de projetos para construção civil e quais suas vantagens.


Onde tudo começou.
Nos anos 90, a redução do tempo de fabricação de produtos tornou-se uma tônica dentro das indústrias, já que isso significava aumentar os lucros e se colocar à frente no mercado. Em resposta a este contexto surgiu a “Engenharia Simultânea” – um método produtivo que consiste na sistematização do processo de produção para desenvolvimento paralelo e integrado das etapas de manufatura e procedimentos relacionados, como identidade visual, assistência, garantia, e outros.

Aplicação no setor de construção civil.
Pode-se dizer que nos últimos anos houve exponencial crescimento na competitividade do mercado da construção civil. Não obstante, tornou-se imperativa a busca por maior qualidade, agilidade e eficiência na elaboração de projetos e sua execução, destacando-se a integração e compatibilização dos projetos de arquitetura e engenharia em todas as suas áreas. Mas como tornar a elaboração de projetos e sua compatibilização mais hábil e ágil? A resposta foi encontrada na Engenharia Simultânea.
Adaptando o conceito do processo industrial, a aplicação da Engenharia Simultânea na elaboração e gerenciamento de projetos se mostrou uma ferramenta poderosa para as empresas, garantindo redução no tempo de elaboração do projeto e dos custos para a obra. Mas como funciona?
O grande diferencial concentra-se na redução das etapas para compatibilização. Por exemplo: para a construção de um edifício é necessário a elaboração de projetos multidisciplinares: arquitetônico, paisagístico, estrutural, instalações hidrossanitárias, preventivo de incêndio, elétrico, dentre outros. 
Em um sistema de elaboração sequencial (tradicionalmente utilizado por muitos profissionais), cada um dos projetos é feito de forma isolada, por equipes de trabalho diferentes, sem incorporar um ao outro, apesar de tratar-se do mesmo empreendimento. Ao fim da elaboração dos projetos, se faz necessário criar o projeto de compatibilização – que analisa e une todos eles, visando solucionar conflitos entre os sistemas projetados. 
A elaboração do projeto de compatibilização no contexto apresentado onera em uma grande quantidade de tempo para seu desenvolvimento, mas o grande problema é que muitas vezes a solução destes conflitos exige novas revisões dos projetos iniciais, o que demanda ainda mais tempo. A lentidão gerada pelo processo acaba diminuindo também a qualidade e nível de detalhamentos, e prejudica o início e/ou andamento das obras.
Já utilizando um sistema de elaboração simultânea, todos os projetos são feitos por uma mesma equipe multidisciplinar que através da facilidade do compartilhamento de informações, produz todos os projetos de forma paralela e integrada. Isso proporciona agilidade nas tomadas de decisão considerando todos os sistemas e aspectos projetuais, fazendo com que um se ajuste ao outro de forma eficaz. 
Como resultado, os projetos são concebidos de forma harmônica, sendo o projeto de compatibilização facilitado e feito de forma mais rápida e eficiente. Assim, a vantagem promovida pela Engenharia Simultânea se expressa principalmente pelo encurtamento significativo da fase projetual e  contribuição para o cronograma de obras, já que a qualidade dos projetos gerados minimiza erros e problemas de execução a serem corrigidos in loco.

Comparativo: Processo Sequencial X Processo Simultâneo
Fonte: Elaborado pelo autor.

A informática como elemento de potencialização da Engenharia Simultânea.
Com a recente popularização de sistemas de informática e telecomunicações, existem hoje softwares que auxiliam não apenas na elaboração do projeto enquanto representação técnica, mas também no detalhamento, padronização, parametrização e racionalização do projeto e sua execução, permitindo o estabelecimento de métricas de controle de materiais, acabamentos, custos e desempenho. 
Estes softwares, popularmente conhecidos como plataformas BIM, possibilitam a instituição de políticas de qualidade e controle para todo o processo. 

Transformações na cultura organizacional de empresas e na construção civil.
A aplicação da Engenharia Simultânea na elaboração de projetos para construção civil já é relativamente popular em muitos países, mas no Brasil ainda está em fase de implantação e desenvolvimento. Empresas pioneiras já estão utilizando o método em seu processo produtivo, investindo em novos softwares, tecnologias e em equipes multidisciplinares capacitadas, que trabalhem através de um sistema de gerenciamento matricial e integrado.
Quando inteiramente aplicada, a prática promete grandes melhorias para o setor, principalmente em nosso país, onde a elaboração de projetos é de certo modo desvalorizada. 

Referências:
CRESPO, Gabriela Pizarro. Revista Tec Hoje. Diretrizes para Implantar a Engenharia Simultânea como ferramenta da gestão de projetos da Construção Civil. Disponível em: <http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/1823>. Acesso em: 09 set. 2016.
ROZENFELD, Henrique. Numa / Usp (Ed.). Engenharia Simultânea. 2014. Disponível em: <http://www.portaldeconhecimentos.org.br/index.php/por/Conteudo/Engenharia-Simultanea>. Acesso em: 09 set. 2016.